Escrever já não constuma ser tarefa fácil, com depressão, então… Sem maiores delongas, veja abaixo 7 dicas que mantenho na mente em momentos de crise e que me ajudam a escrever.
Esse artigo contém palavrões ou expressões chulas 🫣. Também pode conter links de indicação.
1 – Escreva de qualquer jeito, em qualquer lugar, a qualquer momento.
Seja sentado, em pé, deitado, plantando bananeira, aliviando os intestinos. Quando se está em crise ou desanimado, rotina é luxo. Escreva naqueles 3 segundos em que bateu uma vontadezinha, não interessa se não é como normalmente escreveria.
Rituais são excelentes em momentos de ‘boa-aventurança’, caso contrário, não dá para esnobar energia. Porém, aqui não se trata de produzir mais ou melhor, se trata de fazer algo somente.
É preciso aproveitar cada faísca de energia nem que dure apenas 1 minuto ou meio parágrafo. Às vezes, esse meio parágrafo se transforma numa página, outras não. O importante é escrever. Assim que aparecer uma nova faísca de energia, você escreve outro.
2 – Escrever merda é 100% permitido.
Mais uma vez: não é sobre escrever mais ou melhor, é sobre escrever. O crítico interno costuma ser ainda mais cruel durante uma crise, por isso é essencial lembrar que:
- Uma anotação ou texto ruim ainda é melhor que nenhum texto ou anotação.
- Reescrever é mais fácil que escrever do zero – e você precisa ter algo escrito para reescrevê-lo.
- A perfeição é uma ideia elusiva: o que parece porcaria hoje, amanhã, quando o crítico interior estiver dormindo, pode parecer uma obra de arte.
3 – Registre ideias assim que surgirem na sua mente.
Isso é como respirar para um escritor, serve para toda hora, independentemente do humor. Inclusive, funciona como o exercício da primeira dica acima: se tudo o que você conseguir for resgistrar uma ideia, tá valendo.
A virada de chave aqui é sempre manter qualquer coisa onde se possa escrever ao alcance da mão – pode ser lápis e papel, o computador no modo ‘suspender’ para ligar mais rápido, um tablet, o telefone. Assim fica mais fácil e não dá tempo da ideiazinha marota fugir enquanto você gasta tempo e energia procurando onde anotá-la.
4 – Teste e use metas diferentes para cada dia e situação.
Não estou falando de metas de produtividade, mas de auto-conhecimento para melhorar seu bem estar de um modo geral.
Observe o que consegue realizar e como se sente durante a atividade quando surge uma centelha de energia. A partir daí, dá para descobrir o que funciona e o que não funciona para você.
5 – Se ‘recompense’ durante o processo.
Ter alguma coisa que gosta enquanto escreve ou imediatamente antes ajuda a tornar o processo menos difícil ou mesmo prazeroso. Para mim, é chocolate e música, mas pode ser qualquer outra coisa, desde que seja compatível com a escrita.
A estratégia da recompensa depois, de fazer por merecer, não funciona durante uma crise. A mente deprimida já tem um peso por si só, então é necessário aliviar esse peso primeiro, já que qualquer coisa outra – por mais legal que seja – pode se transformar em uma atribulação.
‘Recompensar-se’ antes ou durante tem mais chances de prover energia para a ação.
6 – Mande pensamentos auto-depreciativos para a puta-que-pariu, todas as vezes.
Pensamentos são diálogos internos que a gente tem consigo mesmo. Sendo assim, você se responde do jeito que quer.
Veja abaixo exemplos reais de conversas minhas como crítica abusiva e minhas respostas como escritora abusada:
Crítica: “Você é uma imbecil incapacitada que não serve pra porra nenhuma.”
Escritora: “Sou sim, agora vá pra puta que pariu.”
Crítica: “Ninguém nunca vai querer ler essas merdas aí que ‘cê escreve.”
Escritora: “Vou continuar escrevendo do mesmo jeito. Agora pode ir pra sua puta que pariu.”
Crítica: “Tá perdendo tempo como sempre. Nada que ‘cê faz dá em nada. Sei nem porque que tenta tanto…”
Escritora: “Porque eu não tenho nada melhor pra fazer. A puta que pariu tá te chamando.”
E por aí vai, não tem que alongar a estória, não tem que contra-argumentar, só mandar o pensamento que atrapalha se lascar e continuar fazendo o que você quer fazer.
7 – Tenha fé. Se não conseguir acreditar, finja.
É isso mesmo. Às vezes, mesmo no meio da maior crise, tem uma fé bem pequinininha escondida em algum canto do coração. Mas se você não conseguir encontrá-la, faz de conta que ela está aí.
Enquanto sua mente bombardeia pensamentos que fazem você se sentir mal, imaginar coisas que fazem bem oferece alguma proteção. E se conseguir colocar o que você imagina no papel, melhor ainda, nem que seja apenas por 5 minutos ou um parágrafo…
Conclusão
Existem muitas outras dicas e estratégias que podem funcionar dependendendo do escritor. Essas são as que fazem efeito para mim. Acabei de terminar a primeira versão de uma trilogia e precisei usá-las muito ao longuíssimo dessa escrita.
Deixo abaixo a indicação de dois cursos no Skillshare que podem ajudá-lo.
Escrever e Criar Durante uma Crise – Tasmin Hansmann. Sobre crises em geral, incluindo as da alma. Cerca de 40 minutos sobre porque continuar escrevendo, maneiras de encontrar esperança, transformar emoções em arte, e não desistir quando as coisas ficam difíceis.
44 maneiras de escrever rápido + finalize sua história – Jordan Imiola. É um curso de produtividade e algumas dicas podem ser até contra-producentes durante uma crise (vou escrever um artigo sobre isso em breve). No entanto, sendo uma longa lista de dicas, alguma pode ser de serventia.